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Sopro do Coração

Desabafos de uma mulher de 30 e tal anos que agora já está nos entas

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Desabafos de uma mulher de 30 e tal anos que agora já está nos entas

Setembro 22, 2011

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Quando se fala de violência doméstica/conjugal, de imediato se pensa em agressão física ou psicológica.

Pensa-se, essencialmente, em mulheres agredidas fisicamente, espancadas, violentadas e, muitas vezes, com marcas visíveis.

Já se pensa, também, em casos de violência psicológica, onde o agressor usa a agressão verbal, as ameaças e as posturas agressivas.

Não é raro estas duas andarem de mãos dadas.

Quando pensamos num agressor, pensamos em alguém que se descontrola facilmente, que é violenta e nada paciente .

 

E quando nada disso está presente?

E quando falamos de uma pessoa calma, nada violenta, muitas vezes até, paciente e com um comportamento correcto?

Será que podemos dizer que estamos perante um agressor?

Provavelmente a primeira reacção será dizer que não.

Mas, e, se essa pessoa mantiver comportamentos de afastamento físico, sexual e emocional de forma continuada?

Será que este comportamento pode ser chamado de violência doméstica?

E se esse comportamento levar a outra pessoa a deixar de acreditar nela, de acreditar no seu valor e lhe reduzir a auto-estima a zero?

Será que, assim,já se pode considerar violência doméstica?

 

Não sei qual a resposta oficial para estas perguntas. Mas, sei qual a minha resposta.

A minha resposta é, sim. É violência doméstica, sim. E eu, fui vitima dela.

 

Não percebi no momento. Na realidade, só agora percebo.

E penso, como pude ser tão cega. Como pude não perceber.

Os sinais estava todos lá e, eu, no meio do meu desespero não percebi.

 

Podemos traçar o perfil, tipo, de um agressor. Estava lá tudo.  E eu não percebi.

 

É alguém que maltrata e que de seguida mostra arrependimento, prometendo que não volta a acontecer.

Compra presentes e finge mudar de atitude para ser perdoado e, para que a outra pessoa não o deixe.

Com este comportamento, vai alimentando a esperança de que tudo vai mudar para, na primeiro oportunidade voltar ao mesmo.

O objectivo de um agressor é fragilizar a vítima para, que esta não o abandone.

 

Tudo isto se passou comigo. E, às vezes, pergunto-me se tudo isto foi feito de uma forma consciente. Prefiro pensar que não. É menos doloroso.

 

Hoje, tudo isto deixou de fazer parte da minha vida. E quase 20 anos depois, consegui romper com este ciclo vicioso e coloquei um ponto final nesta situação.

 

E para dar este capitulo da minha vida como encerrado, restava-me, apenas, assumir que, fui vitima de violência doméstica, de forma repetida e continuada, durante quase 20 anos.

 

Mas hoje, já não sou!!!

 

Agora... há que reconstruir a minha vida... e principalmente... reconstruir-me!

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